2023 foi o ano da maior edição da Marcha das Margaridas que aconteceu em Brasília. Foram mais de 100 mil mulheres das florestas, do campo, das águas e das cidades marchando por mais direitos, pela democracia, e parafraseando o lema desta 7ª edição, pela "reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.
Foi bem bonito e forte ver tantas mulheres diversas saindo das suas cidades e chegando para ocupar a capital do país. Aqui você pode conferir toda a cobertura do evento.
Pra mim foi uma grande honra fazer parte dessa história desde o primeiro momento quando recebi o convite da Contag para desenvolver a campanha de crowdfunding, entendendo que uma ação como essa demanda esforços diversificados de captação e o quanto é potente o poder da mobilização de recursos e da cultura de doação para causas tão relevantes.
Tínhamos uma missão: contribuir com o orçamento para levar o maior número de mulheres para o evento e engajar a sociedade para fazer essa campanha chegar mais longe. E este artigo aqui vai explicar um pouco sobre esse processo do ponto de vista estratégico.
Inicialmente, traçamos as duas primeiras metas (alcançadas nos 30 primeiros dias!) e chegamos a 80% de uma terceira, algo que nos deixa muito felizes e com a sensação de dever comprido. Com ajuda de celebridades e pessoas influenciadoras, além de uma comunicação consistente, mobilizamos mais de 600 pessoas que acreditaram no propósito da marcha e quiseram fazer parte desse movimento grandioso.
Mas como vocês sabem, eu não ando só. Convidei a Angola Comunicação para dividir a responsabilidade e somar forças para contribuir com o financiamento desse evento tão importante para o Brasil. Juntamos nossas equipes para pensar estrategicamente a campanha de comunicação e fizemos um planejamento colaborativo.
Desde o momento inicial, quando recebemos o convite, nos debruçamos para levantar informações relevantes e traçar os próximos passos. Abaixo compartilho contigo as nossas principais ações:
Escolhemos os canais de comunicação da campanha para pensar em uma estratégia específica para cada um deles;
Realizamos o mapeamento de rede. Ou seja, quais os públicos e o vínculo com cada um deles;
Definimos a plataforma de arrecadação parceira, que neste caso foi a Benfeitoria; A usabilidade da ferramenta e sua facilidade de navegação foram essenciais para a nossa tomada de decisão;
Estruturamos o PRÉ-LANÇAMENTO aproveitando o senso de oportunidade junto aos públicos, especialmente pessoas doadoras de grandes valores;
Traçamos a ESTRATÉGIA DE LANÇAMENTO de forma consistente, pensando no alcance de multicanais e mobilizando especialmente as entidades parceiras da Marcha. Contamos com a participação de Camila Pitanga no vídeo da página da vaquinha online para chamar as pessoas para doarem.
Monitoramos os dados e reposicionamos a estratégia ao longo da campanha. Importantíssimo ter uma equipe dinâmica e engajada para recalcular a rota quando necessário. Um exemplo foi a reformulação da página da Benfeitoria na reta final.
Preparamos um enxoval de conteúdo poderoso para ajudar na sustentação da campanha. Vimos que os reels desempenhavam resultados melhores em termos de formato. Já os cards estáticos funcionaram super bem quando o assunto era demarcar a linha do tempo (os clássicos da contagem regressiva: faltam 30 dias, por exemplo).
Como majoritariamente escolhemos as redes sociais para divulgação dos conteúdos, foi fundamental pensar na gestão de comunidade tanto para respostas rápidas quanto para orientar as tomadas de decisão. Criamos um canal direto no Whatsapp com as margaridas de diversas cidades e consultar quem está literalmente no campo de batalha foi fundamental para criarmos, por exemplo, um tutorial em formato de reels para ensinar o processo de doação online.
Definimos recompensas atrativas e simbólicas, que além de atrair doações, pudessem levar a Marcha das Margaridas e suas histórias para a casa das pessoas, sempre lembrando a importância da arte e da mensagem que a Marcha busca levar em cada edição.
Criamos um fluxo de diálogo semanal com a Contag para aprovação dos conteúdos e das estratégias pensadas. A interação com a mídia foi um exemplo disso.
Dica: é preciso se atentar para o que está acontecendo na mídia e nas redes e que tem relação direta com a sua campanha, mas sem deixar que isso diminua a relevância do crowdfunding.
Nós, por exemplo, não contávamos com o lançamento do Plano Safra - o Presidente Lula anunciou a liberação dos recursos para apoiar e fortalecer a agricultura familiar - na mesma época da campanha e rapidamente, nos adaptamos para explorar o tema e aproveitar para surfar na onda do assunto que é de extrema importância para endossar a luta das nossas mulheres.
O que te digo, para finalizar, é que muita gente chega para mim falando sobre não ter sucesso numa campanha de crowdfunding. E a minha pergunta sempre é a seguinte: qual a estratégia que você vai implementar para alcançar sua meta?
Hoje, com as plataformas, é muito fácil dar o start em uma arrecadação online, pois elas estão cada vez mais intuitivas e isso é ótimo!
No entanto, o desafio é entender que é preciso escolher as táticas mais coerentes para a sua organização, que vão muito além de produzir cards nas redes sociais ou disparar mensagens genéricas no Whatsapp. O segredo está em escolher os canais certos, elaborar mensagens mais atrativas, focar nos formatos que mais engajam e mapear o público que tem interesse pela sua causa.
A sociedade que eu acredito é aquela que se apoia na sabedoria das mulheres e no bem viver como um caminho potente para um mundo melhor.
Espero que possamos nos encontrar por aí em outras campanhas 😉
Um abraço,
Daiane
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