Como o investimento de impacto está contribuindo com o financiamento de projetos sociais e ambientais?
- Daiane Dultra
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- 23 de jul.
- 3 min de leitura

O investimento de impacto deixou de ser uma tendência emergente para se tornar uma realidade concreta no financiamento de organizações da sociedade civil (OSCs) e negócios de impacto. Cada vez mais, esse tipo de capital ocupa uma fatia significativa dos orçamentos dessas organizações, oferecendo uma alternativa estratégica às fontes tradicionais de recursos. Temos observado esse movimento crescer entre os parceiros da Painá Catalisadora de Impacto e em diversas organizações no Brasil.
Mas, afinal, o que é investimento de impacto?
É a alocação de capital em negócios, organizações ou projetos com o objetivo de gerar impacto social e/ou ambiental positivo mensurável, junto com retorno financeiro, que pode ser abaixo, igual ou acima da média do mercado.
O termo foi cunhado em 2007 pela The Rockefeller Foundation, mas a ideia já habitava corações e planilhas: é possível (e necessário) investir com propósito.
Negócios que geram retorno financeiro e impacto positivo não só existem, como estão moldando o futuro do mercado.
Esse tipo de investimento não é filantropia. Trata-se de um modelo estratégico, adotado inclusive por grandes fundos e players do sistema financeiro, que buscam atuar em causas urgentes e, ao mesmo tempo, garantir retorno sobre seus aportes. Ou seja, é um exercício de reposicionamento, uma forma de o capital assumir também sua responsabilidade histórica e seu papel para transformar o futuro.
Segundo a The Global Impact Investing Network (GIIN), o mercado global de investimentos de impacto atingiu US$ 1,571 trilhão em ativos sob gestão em 2024, com crescimento anual composto de 21% desde 2019. No Brasil, a Sitawi Finance for Good estima mais de R$ 18,5 bilhões alocados nesse tipo de investimento.
A lógica é simples: é possível investir em negócios que solucionam problemas sociais ou ambientais reais e ainda obter retorno financeiro. O impacto deixa de ser um “efeito colateral positivo” e passa a ser o motor que movimenta grandes cifras.
Hoje, o ecossistema de impacto é cada vez mais diverso e acessível. Há desde grandes fundos de venture capital especializados em negócios sociais até títulos verdes (green bonds), plataformas de crowdfunding, modelos de blended finance (fundos híbridos) e investimento-anjo em startups socioambientais.
Cada formato atende a perfis diferentes de investidores, mas todos compartilham o mesmo princípio: gerar valor para a sociedade junto com retorno financeiro.
Uma pesquisa do Morgan Stanley Institute for Sustainable Investing aponta que 99% das pessoas investidoras nascidas entre 1997 e 2010 (geração Z) têm interesse em investimentos sustentáveis. Entre os entrevistados, 88% buscam opções relacionadas às questões climáticas e 59% já têm parte do seu capital alocado nesse tipo de investimento (Fonte: B3).
O que atrai os investidores quando o assunto é impacto?
Primeiro, o alinhamento com causas pessoais. Muitos querem ver seu dinheiro financiando aquilo em que acreditam. Depois, a percepção de que negócios com impacto positivo são mais resilientes, inovadores e estão melhor posicionados.
Além disso, o avanço de métricas confiáveis ajuda a tangibilizar o impacto e reduzir riscos. E há também o fator reputacional: investir com propósito fortalece marcas, carreiras e legados.
Vivemos um momento em que o capital está sendo desafiado a ser mais inteligente, mais responsável e mais humano. O investimento de impacto não é uma moda passageira, mas uma nova forma de pensar a alocação de recursos no século XXI.
E a boa notícia: ele não está restrito a grandes investidores. Qualquer pessoa pode começar, mesmo com valores modestos, a investir em negócios que mudam o mundo.
E se de um lado está a pessoa que investe, do outro estão as ONGs, startups e negócios de impacto que se beneficiam dessa abordagem estratégica, que vêm reformulando e diversificando as fontes de financiamento e garantindo maior sustentabilidade ao setor.
E você, já considerou como sua organização pode se posicionar nesse novo cenário?
Um abraço,
Daiane Dultra, da Painá Catalisadora de Impacto



